Um modo de sobreviver ao vazio: o Neorrealismo português em Alves Redol e Vergílio Ferreira

Autores/as

  • André Carneiro Ramos Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.18485/beoiber.2018.2.1.9

Resumen

Perante os riscos de se abordar um assunto tão relevante para a literatura portuguesa, que alicerçou ainda mais as bases de sua modernidade no romance, aqui se desenvolverá uma breve reflexão sobre o Neorrealismo em Portugal e seu caráter de militância, denúncia e reflexão, com escritores da importância de Alves Redol e Vergílio Ferreira, cada um à sua maneira, representando a impossibilidade de o homem se desligar de sua dimensão social. Mais especificamente, tal proposição me leva a pensar na fase existencialista do autor de Estrela polar (1962), indagando sobre até que ponto ele teria se afastado mesmo das realidades sociais propagadas pelo movimento. Para esse percurso, exponho duas das perguntas que mais me interessam: a) o personagem Alberto, do romance Aparição, enquanto um “ser-aí” heideggeriano, poderia fazer a diferença para si mesmo num primeiro momento, objetivando, tempos depois, sentir-se apto para abraçar a coletividade? b) Isso poderia fazer parte de uma espécie de projeto de Vergílio Ferreira, que assim qualificaria sua obra como um todo intercambiante? Assim sendo, sintonizados pela premissa principal, críticos como João Laranjeira Henriques, José Carlos Barcellos, José Rodrigues Paiva, Isabel Margato e Carlos Reis me levam a crer que a aproximação entre os escritores elencados representa muito bem o delineamento de fecundas possibilidades de compreensão/releitura das obras literárias envolvidas, ressaltando-lhes a atualidade.Palavras-chave: Neorrealismo Português, Existencialismo, Alves Redol, Vergílio Ferreira.

Citas

Barcellos, José Carlos. «Cerromaior e o neo-realismo português.» Cuadernos da ABF 4.1 (2004): s. p. CiFEFiL. Web. 27 Out. 2016.
Ferreira, Vergílio. Aparição. Biblioteca Básico Verbo. Lisboa: Editorial Verbo, 1971. Impresso.
—. Um escritor apresenta-se. Introdução, prefácio e notas de Maria da Glória Padrão. Biblioteca de Autores Portugueses. Lisboa: Casa da Moeda, 1981. Impresso.
Freitas, Manuel de. A última porta. Lisboa: Assírio & Alvim, 2010. Impresso.
Godinho, Helder. O universo imaginário de Vergílio Ferreira. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1985. Impresso.
Henriques, João Laranjeira. «A Poesia no Neo-Realismo Português: Primeiras Manifestações e “Novo Cancioneiro”.» Tese de doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2010. Não publicado.
Lopes, Óscar. Gaibéus: uma leitura cinqüentenária. Lisboa: Editorial Caminho, 1990. Impresso.
Margato, Isabel. «Notas sobre o Neo-Realismo português: um desejo de transformação.» Via Atlântica 13 (2008): 43–56. Web. 27 Out. 2016.
Paiva, José Rodrigues de. Vergílio Ferreira: para sempre, romance-síntese e última fronteira de um território ficcional. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2007. Impresso.
Redol, Alves. Gaibéus. Lisboa: Publicações Europa-América, 1983. Impresso.
Reis, Carlos. O discurso ideológico do Neo-Realismo português. Coimbra: Almedina, 1983. Impresso.
Torres, Alexandre Pinheiro. O Movimento Neo-Realista em Portugal na sua Primeira Fase. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1983. Impresso.
—. Os romances de Alves Redol. Lisboa: Morais Editora, s. d. Impresso.

Descargas

Publicado

2018-05-29

Cómo citar

Carneiro Ramos, A. «Um Modo De Sobreviver Ao Vazio: O Neorrealismo Português Em Alves Redol E Vergílio Ferreira». BEOIBERÍSTICA - Revista De Estudios Ibéricos, Latinoamericanos Y Comparativos (ISSN: 2560-4163 Online), vol. 2, n.º 1, mayo de 2018, pp. 125-34, doi:10.18485/beoiber.2018.2.1.9.

Número

Sección

LITERATURA